Entende-se
por essência o conjunto das propriedades pelas quais um ser se define,
ou seja, aquilo que faz com que uma coisa
seja o que é. Exemplo: o Homem
define-se como um ser racional. Esta
qualidade é essencial e constitui a essência
do homem. Entende-se por existência a realidade e a actualidade da essência.
Foi
Platão quem realizou a distinção entre essência
e existência ao criar a “Mundo das Ideias”. Existem dois mundos distintos: o
mundo sensível (terreno),
imperfeito e aparente, cujo aprende-se através dos sentidos e o mundo inteligível (das Ideias), perfeito e verdadeiro, ao qual
aprende-se através da razão. A distinção feita entre o mundo sensível e o mundo das
ideias corresponde a distinção radical entre o mundo terreno (das
existências) e o mundo das ideias (mundo das essências). Assim, podemos
considerar dois aspectos na doutrina platónica: a distinção entre essência e existência. Primado da essência sobre a existência.
Desta
forma, os objectos do mundo sensível
são cópias ou imitações das ideias (do
mundo inteligível) que constituem modelos,
arquétipos ou essências anteriores às suas imitações terrenas. Daí que o mundo sensível pode ser considerado o mundo das existências, enquanto o mundo inteligível é o mundo das essências.
Aristóteles
modifica a teoria do seu mestre (Platão) da essência e da existência através
da doutrina da matéria e forma, cuja dominou toda História do
pensamento filosófico até nossos dias. De acordo com Aristóteles aquilo que é universal e essencial já
não se situa num mundo superior, afastado do mundo sensível. Contudo, só
existem coisas individuais e concretas, que são as substâncias, as quais realizam cada uma
sua maneira, um universal ou modo geral de ser. Este universal corresponde a essência.
Em
“A Metafísica VII”, Aristóteles escreve: “a
essência é aquilo que uma coisa é e que ela partilha com os restantes
indivíduos da sua espécie”. Exemplo: Júlio, Ana são indivíduos concretos
que têm em comum o facto de serem seres humanos. Possuem em comum a essência humana que é universal. A essência é característica fundamental da
existência.
S.
Tomás de Aquino mantém com Platão, a distinção entre essência e existência,
negando que a essência possa ser vista
como algo do real, mas sim, a
essência é pura possibilidade que, na existência
torna-se actualidade, isto é, a essência é apenas um meio de tornar a existência inteligível.
De acordo com S. Tomás de Aquino a existência
não é senão a actualidade da essência, não poderia supor uma essência anterior
à existência.
As
doutrinas existencialistas ou filosofias da existência, cujo
representante foi Soren Kierkegaard defendeu a primazia da existência sobre a essência.
No entender de Kierkegaard, a “essência
é o reino do necessário, mas o modo
de ser do indivíduo é a existência” (REALE & ANTISERI, 2005: 224). A existência diz Kierkegaard corresponde
à realidade singular, ao individuo:
“um homem singular não tem certamente
uma existência conceitual”. De um modo geral, os filósofos existencialistas
pensam o indivíduo como uma realidade
irredutível, original e única. Valorizam
a individualidade em detrimento da essência
abstracta.
Igualmente,
Jean Paul Sartre no seu livro O Existencialismo
é um Humanismo (1962) defende que, nos ser humano, a existência precede a essência. O Homem começa por existir, é um projecto de si próprio, faz-se
a si mesmo e aquilo que ele chega a ser é resultado da sua liberdade. Outrossim,
Heidegger, por sua vez, negando as ideias de Sartre, defende que a essência do homem reside na sua existência (entendida
como abertura do homem ao mundo e ao ser, como criação e superação de si próprio).
A Cadeia Aristotélica das Causas
De
acordo com os escritos gregos (bibliografia) “Causa” consiste conhecer ou
saber a origem e o motivo da existência
de alguma coisa. Ou seja, as causas
primeiras consistem em saber o que
é, como é, por que é e para é uma coisa (essência). Desta forma, são quatro (4) as causas primeiras: causa material, causa formal, causa
eficiente e causa final.
As
duas primeiras causas (formal e material) constituem a “essência” de todas as
coisas. As causas e princípios são para Aristóteles o que funda, o que condiciona, o que estrutura.




Aristóteles destaca a
importância da causa final, pois a
causa final de alguma coisa deve ser o bem
para essa coisa. Assim, Aristóteles apresenta a explicação teleológica dos fenómenos, considerando que estes são meios para alcançar-se um determinado
fim.
S. Tomás de Aquino e as Cinco Vias
A Escolástica que dominou toda a Idade
Média, cuja ensinada nas escolas da Igreja, combinando doutrinas religiosas e
assuntos teológicos com Filosofia e na tentativa de conciliar a “Filosofia de
Aristóteles com a Teologia Crista” (razão e fé), S. Tomás de Aquino procurou
integrar a obra de Aristóteles e a verdade da revelação divina. S. Tomás de
Aquino demonstrou a existência de Deus através das chamadas cinco vias ou provas da existência de Deus.
Primeira
Via:

Segunda
Via:

Terceira
Via:

Quarta
Via

Quinta
Via

Bibliografia
BORGES, José Ferreira; PAIVA, Marta;
& TAVARES, Orlanda. Introdução à
Filosofia 12ª Classe. Moçambique: Plural Editores, 2015.
CHAMBISSE, Ernesto Daniel; & NHUMAIO,
Alcido Moniz Godi. Filosofia 12ª classe. 2ª Edição. Maputo: Texto Editores, 2013.
REALE, Giovanni; & ANTISERI, Dario. História da Filosofia 5: do romantismo ao Empiriocriticismo.
S. Paulo: Paulus, 2005.
Sem comentários:
Enviar um comentário